top of page
Buscar
  • Foto do escritorEliane Silva

Comunicação Não Violenta

Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais


O psicólogo Marshall B. Rosenberg explica como você pode expressar as suas necessidades e sentimentos para promover conexões interpessoais respeitosas e empáticas. Ele não fala especificamente sobre resolução de conflitos ou mediação, mas a CNV é muito eficiente também nestas áreas. O manual de Rosenberg sugere novos comportamentos que você pode aplicar de maneira produtiva agora mesmo e por toda a sua vida.

Muitos dos padrões de comunicação já estabelecidos na sua vida podem contribuir para relacionamentos disfuncionais, mal entendidos e frustração. Fazer “juízos moralistas” sobre outras pessoas pode afastá-las. Comparar pessoas interfere na comunicação autêntica, assim como falar sobre o que alguém merece ou negar a responsabilidade por suas ações. A Comunicação Não Violenta (CNV) surge para oferecer conexões interpessoais “do fundo do coração”. A CNV te ajuda a se concentrar e ter uma atitude humana nas situações difíceis. Com a CNV, você pode alterar a sua consciência para agir de maneira diferente.

A Comunicação Não-Violenta é uma forma de comunicação que nos leva a nos entregarmos de coração.

A CNV é baseada em 4 pilares:

  • Observação

  • Sentimento

  • Necessidade

  • Pedido

Para aplicar a CNV, trabalhe nestes quatro elementos.

  • Observe o que está acontecendo.

  • Partilhe como uma situação faz você se sentir e fale sobre como você se sente.

  • Quando você pedir algo a alguém, a sua solicitação precisa ser específica.

  • Peça algo que a pessoa seja capaz de fazer. Não peça uma mudança de atitude ou algo abstrato.

A CNV se divide em duas partes: em uma delas, você expressa a si mesmo e sua realidade honestamente, trabalhando nos quatro componentes. Na outra, você ouve o que a outra pessoa tem a dizer e responde com empatia, enquanto ambos trabalham os 4 pilares da CNV.


Aplique a CNV nos seus relacionamentos pessoais, família, negócios e conflitos sociais, seguindo alguns passos:

  1. Observe sem avaliar. Separe a observação da avaliação. O que você percebe deve ser específico para um contexto específico. Evite usar palavras como “nunca” ou “sempre”, a menos que você as vincule a observações específicas. Em vez de usar tais palavras baseadas no tempo, cite o número de vezes que você observou determinado comportamento. Para ser mais eficaz em separar a avaliação da observação, pense bem naquilo que você pretende dizer a alguém e identifique qualquer avaliação que possa estar incorporada.

  2. Identifique e expresse o seu sentimento. Identificar um sentimento é valioso, mas as pessoas não têm muito interesse em ajudar no desenvolvimento desta percepção. É comum você também não saber o que as pessoas estão sentindo, mesmo se tratando de membros da sua família. Para aprimorar a sua prática de identificar os sentimentos, faça uma distinção entre emoções e pensamentos. Se você ainda não é capaz de distinguir o que você sente do que você pensa sobre o que você é, talvez você precise se esforçar mais para identificar as suas emoções. “Primeiramente, observamos o que está de fato acontecendo numa situação: o que estamos vendo os outros dizerem ou fazerem que é enriquecedor ou não para a nossa vida?”

  3. Expresse as suas necessidades. A maioria das pessoas não tem experiência em identificar o que precisa. Você pode ter aprendido a criticar os outros quando as suas necessidades não são atendidas. Por exemplo, se você quer uma casa limpa e bem organizada, você pode repreender alguém da sua família por deixar uma peça de roupa fora do lugar sem nunca reconhecer a sua própria necessidade mais profunda por espaços arrumados. Isto acontece em conflitos de grande escala ou em desentendimentos entre trabalhadores e empresários. Em vez de identificar as suas próprias necessidades, as pessoas lançam acusações, rotulando os outros e suas ações. “O que os outros fazem pode ser o estímulo para nossos sentimentos, mas não a causa.”

  4. Apresente o seu pedido. O quarto componente da CNV é o pedido. Utilize uma linguagem clara quando fizer uma solicitação. Seja específico e positivo. Não peça às pessoas para deixarem de fazer algo. Peça-lhes para tomarem ações positivas específicas. Não peça ao seu cônjuge para que ele ou ela não passe tanto tempo no trabalho, ou que não lhe trate de forma desrespeitosa. Peça, em vez disso, que esteja disponível para um tempo mais íntimo ou olhe nos seus olhos e escute ativamente quando estiverem conversando. Se você apenas expressar os seus sentimentos, o seu ouvinte pode não perceber o que você deseja ou se afinal você deseja alguma coisa. Ao fazer um pedido, expresse suas necessidades e sentimentos. Isso faz com que os pedidos pareçam menos como exigências. Além de pedidos pessoais de ações que atendam às suas necessidades, peça aos ouvintes que reflitam e se pronunciem sobre o que escutaram para confirmar se entenderam. Agradeça aos que concordarem com os seus pedidos e tenha empatia pelos que recusarem. “Se não valorizarmos nossas necessidades, os outros também podem não valorizá-las.”

Interações CNV

Aplique estes princípios ao praticar a escuta ativa. Livre-se dos preconceitos. Ao tentar criar empatia, esteja ciente dos padrões de comunicação que possam surgir, como a tentação de corrigir, educar, aconselhar ou consolar as pessoas. Não enverede pela “compreensão intelectual”. Esteja atento aos sentimentos e necessidades dos outros. Repita o que você escutou, parafraseando o que foi dito. Se estiver certo, o outro vai confirmar. Caso esteja errado, permita que o outro corrija você. Quando alguém ficar em silêncio, busque os sentimentos e necessidades subjacentes. As vezes, é disto que as pessoas mais precisam.


Autocompaixão

A CNV pode ajudar você a desenvolver a “autocompaixão”. Quem têm dificuldade em responder com compaixão aos outros muitas vezes também não consegue tratar a si mesmo de forma compassiva. Utilize a CNV como uma ferramenta de crescimento e deixe de reforçar a auto depreciação. Isso acaba sendo mais difícil se você cometeu um erro e tende a se criticar, se envergonhar e dizer a si mesmo o que deveria fazer ou ter feito. O autojulgamento é uma expressão das suas “necessidades não satisfeitas” do presente ou do passado. A CNV te ajuda a se conectar com sentimentos ou necessidades decorrentes de coisas que você fez, mas que agora se arrepende. À medida que você aprende com o passado, perdoe a si mesmo. O auto perdão está conectado à necessidade que você estava tentando satisfazer quando tomou a ação da qual agora se arrepende. Ao invés de agir por uma necessidade motivada por “medo, culpa, vergonha ou obrigação”, faça apenas aquilo que contribua para a vida. Diga algo como “Eu escolho fazer tal coisa”. Identifique o desejo ou a necessidade que está motivando a sua escolha. Motivações que possam gerar resultados frustrantes, como dinheiro ou aprovação, não são sustentáveis; tente abandoná-las.


Raiva

A CNV pode te ajudar a expressar sua raiva produtivamente. Desfaça o vínculo entre as pessoas e a sua raiva. Se você acredita que as ações destas pessoas desencadeiam a sua raiva, você vai sempre culpá-las pelo que sente. O que outra pessoa faz pode ser um “estímulo” para os seus sentimentos, mas nunca é uma causa. Em vez de culpar os outros, olhe dentro de si para identificar quais das suas necessidades não estão sendo atendidas.

“A utilidade mais importante da CNV pode ser no desenvolvimento da autocompaixão.”

A raiva pode acabar desviando a sua energia. As pessoas ficam zangadas ou violentas quando acreditam que os outros estão lhes causando dor e devem ser punidas. Quando ficar com raiva e precisar expressá-la, pare e respire fundo. “A causa da raiva” pode estar em seus pensamentos de culpa e julgamento. Identifique as necessidades não atendidas subjacentes a estes julgamentos. Expresse o que você sente e necessita. Muitas vezes, se você quer que alguém escute você, é crucial escutar primeiro a pessoa e exercer a empatia ativa. Ao escutar o que o outro está sentindo, você é capaz de reconhecer a humanidade de ambos.


Resolvendo conflitos

A resolução de conflitos “no estilo CNV” se difere de outros métodos de resolução de disputas. Tradicionalmente, os mediadores concentram-se nas questões, oferecendo uma perspectiva externa para ajudar as partes a chegarem a um acordo sobre estas questões. Com a CNV, a parte mais crítica do processo é estabelecer uma conexão entre as partes. Promover uma conexão atenciosa e respeitosa permite que as pessoas falem de forma produtiva e vejam as perspectivas umas das outras, em vez de ficarem presas em suas próprias mentalidades.

“A cada escolha que você fizer, esteja consciente de que necessidade ela atende.”

Expresse as suas necessidades. Escute as necessidades das outras pessoas. Olhe além do que elas estão pedindo e busque o que está nas entrelinhas. Tenha empatia, algo que as pessoas precisam antes de serem capazes de escutar o que os outros estão dizendo. Proponha estratégias para resolver o conflito. Utilize uma “linguagem de ação positiva”.

“Queremos agir motivados pelo desejo de contribuir para a vida, e não por medo, culpa, vergonha ou obrigação.”

Ajude as pessoas a falarem o que não conseguem dizer sozinhas. Não lance mão de punições para levar as pessoas a agir. Esta é uma prática que se concentra nas consequências de uma ação e prejudica a autoestima.


Saiba expressar apreciação

A CNV te ajuda a expressar a gratidão sem julgamento inconsciente. Muitos elogios são, na verdade, julgamentos que podem contribuir para o estado de alienação, assim como as afirmações negativas. As pessoas podem chegar ao ponto de elogiarem outras pessoas para influenciá-las ou manipulá-las. Em vez disso, procure maneiras de celebrar as conquistas das pessoas. Identifique quais ações destas pessoas melhoraram o seu bem-estar. Nomeie as necessidades satisfeitas por estas ações e compartilhe a alegria que isso gerou na sua vida.


bottom of page